sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Nossos Quereres e o Livre Arbítrio


A humanidade é movida por vontades. Se não fosse nosso orgasmo na hora da transa, não reproduziríamos. Se não sentíssemos o gosto da comida, não comeríamos. Sem felicidade, ou pelo menos a ideia de ser feliz, nessa vida não viveríamos. Os seres humanos buscam recompensas em tudo o que faz, e isso cria vontade em cima de tais atos. Quanto maior é o sentimento de jubilo ao fazer certa coisa, mais temos vontade sobre essa coisa. Se não gostamos de tal coisa, não temos vontade alguma de fazê-lo.

Para entender esses princípios, precisamos resgatar o cerne de nossa existência. Somos o que somos por causa da nossa natureza, da nossa vontade em si. Mas o que é ser? O que nos torna algo material, algo existente se somos simplesmente o que desejamos? Será que temos realmente livre arbítrio?

Dizia Platão que a existência material era parte de um Mundo Sensível, onde podemos conhecê-lo através de nossos sentidos. Olhar, tato, paladar, audição, olfato. Percebemos o mundo através dessas nossas propriedades físicas. E, separado, porém não distante desse mundo de sentidos, está o mundo de sentimentos, emoções e ideias. O Mundo Supra-Sensível.

Segundo ele, a existência material do Mundo Sensível era conseqüência e uma cópia do Mundo Supra-Sensível. Toda a nossa sabedoria, pensamentos, sentimentos fazia parte desse mundo. Daí, já podemos pensar por nossas cabeças: somos, como matéria, fruto de algo perfeito. Perfeito pois nunca acaba. Nossos pensamentos não são findáveis. Agora nosso estado físico é repleto de imperfeições e limitações.

A primeira limitação do homem que imaginamos é o tempo. Vamos ficamos velhos, não temos tempo de fazer tudo. Pois bem, esse é outro ponto. Se pararmos para analisar friamente, não somos nada devido ao nosso constante movimento. A cada milésimo de segundo estamos mudando. Os fios de nosso cabelo crescem, nossa pele vai microscopicamente alterando. Somos finitos. E a nossa perfeição está dentro de nós mesmos, agora em outro plano.

Agora, voltando às nossas vontades e nosso livre-arbítrio, creio que isso seja somente a ponta do iceberg. Deve se pensar como um todo e não um caso isolado. Em minha opinião, pegando todos esses ensinamentos de filósofos antepassados, concluo que tudo é uma ilusão. Aparentemente criamos uma ideia de livre-arbítrio tão real que parece verdadeira, uma pegadinha de muito mau gosto. Acredito que somos o que somos e escolhemos o que escolhemos já com um propósito.

Vivemos uma repressora armadilha, semelhante aos desenhos de Pernalonga, em que o burro em que aquele danado está montado é iludido por uma cenoura enganchada em uma vara de pescar. O burro corre querendo a cenoura que está bem em sua cara. A verdade é que nós somos uma miscelânea de nada que acha que é coisa.

Um comentário:

  1. Leia o livro "O Mundo de Sofia" - acho que lá achará a resposta pra essa dúvida...

    "Ser ou não ser, eis a questão"

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